LIÇÃO 05 – ORANDO COMO JESUS ENSINOU
INTRODUÇÃO
“Ensina-nos a orar...” (Lc.11.1) esse foi um pedido dos discípulos do Senhor. Mas qual a razão deles em rogar um ensino sobre oração, já que os judeus da época de Jesus eram um povo religioso e as orações
eram realizadas nas praças das cidades? A verdade é que a maneira como Jesus orava mostrava intimidade
com o Pai, diferentemente dos fariseus que se exibiam nos locais públicos com suas orações mecânicas e cheias de vãs repetições. A vida de oração de Jesus revelava não só uma prática diária, mas um relacionamento profundo com Deus. Os discípulos queriam aprender isto. Então, o Mestre dos mestres
começou a ensinar. Vejamos como:
I – JESUS NOS ENSINA A ORAR SEM HIPOCRISIA
Infelizmente, a hipocrisia estava presente na vida dos fariseus e isto irradiava-se para a sociedade
judaica como um todo: nas esmolas (Mt. 6.2); no jejum (Mt. 5.6); nos julgamentos (Mt. 7.5); nas ofertas (Mt.23.23) e nas orações.“E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em
pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.” (Mt 6.5). De pé era a postura aceita pelos judeus para realizarem suas orações. Jesus não está condenando a maneira que eram feitas as orações e nem tão pouco a oração pública; o nosso Senhor e a igreja primitiva oraram publicamente (Mt 11.25,26; Jo 11.41-42; 17:1; At. 4.24,31; At. 1:14). O Senhor está condenando aqui neste texto as más intenções dos fariseus que usavam o ato de orar para exibir uma espiritualidade e comunhão que eles não tinham.
Outra advertência feita por Jesus era que se evitasse as vãs repetições: “E, orando, não useis de vãs repetições” (Mt.6.7). O termo grego citado nesse texto é “battalogeo” e tem o significado de “balbucio
ininterrupto” e significa também “conversa tola” ou “tolice”. O que está em questão não são simplesmente as
repetições, mas a relação com o paganismo dos povos estrangeiros. Essas práticas de repetições nas
orações que os gentios faziam às suas divindades eram muito comum na época de Jesus. Diferentemente dos fariseus, que eram exibicionistas nas sua práticas religiosas, o Senhor Jesus ensina a seus discípulos e a nós como devemos nos portar em oração: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará. (Mt.6.6).
* “entra no teu aposento” - não necessariamente no quarto, mas o local onde podemos ficar a sós
com Deus. O quarto de oração de Jesus era o monte e o deserto (Mc 1:35; Lc 6:12); de Isaque, era o
campo (Gn 24:63); de Davi, o quarto de dormir (Sl 4:4); de Pedro, o eirado (At 10:9); de Ezequias, o
rosto virado para a parede (II Rs 20:2). e o seu qual é ? você tem este local?
* “fechando a tua porta” - quer dizer se desligar do mundo e tudo aquilo que impede uma comunicação direta com Deus. (Tg 4.1). Quando fechamos a porta não há espaço para as obras da carne (Gl.5.19). O ensino que o Senhor Jesus quer deixar: é que a oração verdadeira que Deus ouve não comunga com a hipocrisia e com a idolatria. As atitudes de como se apresentar perante Deus ensinadas por Jesus visam mostrar que a glória de tudo pertence a Deus; que vê o que está em oculto e nos recompensa.
II – JESUS NOS ENSINA A ORAR HONRANDO A DEUS
“Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu.” (Mt.6.9).
* Honrando a Deus como Pai. O termo grego usado nessa passagem Bíblica é “Aba” que significa “paizinho”. Isto nos mostra o estado de filiação que temos com Ele (1 Jo 3.1). Revela o grau de intimidade entre Deus e os Seus filhos. Uma coisa é chama-Lo de “pai” e outra é chama-Lo de “paizinho”; mostra submissão e dependência ao Senhor.
* Honrando a Deus como Santos. A verdadeira vida cristã é inseparável da santidade (Lv.11.44). Ser santo significa ser separado; e tudo aquilo que é separado muda de valor. Se horarmos o Senhor como santos, ele ouvirá nossas orações e súplicas.
III– JESUS NOS ENSINA A ORAR PEDINDO PELAS NOSSAS NECESSIDADES
A oração modelo proposta por Jesus aos discípulos é composta por sete petições: três são para glorificar a Deus (Santificado seja o Teu Nome; Venha o Teu Reino; Faça-se a Tua vontade); três pela nossa alma(Perdoa-nos as nossas dívidas; Não nos deixes cair em tentação; Livra-nos do mal); e uma pelo pão (O pão nosso de cada dia da-nos hoje). Analisando estas petições, podemos ver que um dos principais ensinos dessa oração é : "Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." (Mt 6:33); por isso, só há uma petição pelo pão nosso de cada dia. O termo “de cada dia” (epiousios) é raro no NT e pode significar: amanhã. Assim, pedir o pão de cada dia é rogar a Deus que supra nossas necessidades de hoje e do dia seguinte – é depender do Senhor sabendo que tudo aquilo que
recebemos é Dele.
* Deus sabe o que precisamos antes mesmo que peçamos (Mt. 6.8), orando Ele se compraz em responder as orações.
* O cristão não deve pedir riqueza; muito menos, pobreza (Pv. 30.8,9), mas somente o necessário, não
para entesourar, ou para viver ansiosamente (Mt. 6.19-31), e sim, dependendo do Senhor, que nos dá
o que precisamos (Mt. 6.32-34).
* Pedir que Ele nos perdoe, mas também precisamos perdoar aqueles que nos ofenderam (Mt. 6.14,15;
11.25; 18.21,22, 35), muito mais do que sete vezes (Mt. 18.21,22).
* Devemos pedir também que o Senhor nos livre do mal, isto é, do Maligno (Jo. 17.15).
IV – JESUS NOS ENSINA A ORAR GLORIFICANDO A DEUS
“...porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.” Mt.6.13). Glorificar a Deus na
oração é reconhecer a Soberania do Senhor sobre tudo (Sl 89.11; Sl 145.12; Is. 66.1). É tornar-se dependente Dele, pois sem Ele nada podemos fazer (Jo.15.5). É aceitar os seus propósitos eternos (Jó 42.2), sabendo que os caminhos que Ele tem traçado para nós é melhor e maior que o nosso (Is. 55.8). É ter a certeza que o Senhor está no controle de tudo, mesmo quando as nossas orações não são respondidas. É a vontade de Deus que deve prevalecer e não a nossa quando estamos orando (Mt 6.10; 26.42). Glorificar não é simplesmente pronunciar a palavra glória, é ter a convicção profunda que o reino e todo poder pertencem a Deus, sendo Ele o único a merecer isso (Mt.28.18).
O Amém, que finaliza a oração do Pai nosso, não deve ser entendido como um ponto final, mas deve
ser compreendido como uma confirmação de tudo que foi dito anteriormente no esboço da oração modelo
ensinada por Jesus a seus discípulos. Desta forma, o Senhor Jesus afirma a maneira correta de chegar-se a
Deus através da oração.
CONCLUSÃO
Colocando em prática esses princípios dos ensinamentos de Jesus acerca da oração: orar sem hipocrisia, honrando a Deus e glorificando o seu eterno poder, podemos assim, apresentar todas as nossas
necessidades diante Dele que, com certeza, o Senhor nos ouvirá e mandará a resposta. “Se vós estiverdes
em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. ” (Lc.15.7). A vivência desses ensinamentos do modelo da oração proposta por Jesus conduz o crente a uma vida vitoriosa e mais íntima com Deus.
REFERÊNCIAS
· Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal - João Ferreira de Almeida – C.P.A.D.
· Comentário Bíblico NVI – F.F. Bruce – Editora Vida.
· Comentário Bíblico Pentecostal - Novo Testamento – C.P.A.D.
· Boyer, Orlando – Espada Cortante – Vol 1 – C.P.A.D.
Postado inicialmente por: Igreja Evangélica Assembléia de Deus – Recife / PE - Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais - RBC