terça-feira, 22 de junho de 2010

SUBSÍDIO LIÇÃO 13 - E B D

A ESPERANÇA NA LAMENTAÇÃO

INTRODUÇÃO
Nesta última lição do trimestre estudaremos o livro das Lamentações de Jeremias; não apenas o livro, mas, principalmente, a esperança em meio ao lamento. Neste livro, Jeremias escreveu uma série de cinco lamentações, com o objetivo de expressar sua intensa tristeza e dor por causa da trágica devastação de Jerusalém; a mágoa do profeta jorra como a de um enlutado no sepultamento de um ente querido ou de um amigo íntimo. Nas lamentações, Jeremias reconhece que a tragédia que sobreveio sobre Judá era a manifestação do juízo divino, devido a rebeldia da nação contra Jeová (Lm 1.12; 2.17; 3.37,38), mas relembra também a misericórdia do Senhor (Lm 3.22,23,32). Assim, o profeta levou o povo a ter esperança em meio ao desespero, e a olhar para além do juízo daquele momento, para o tempo futuro em que Deus restauraria o seu povo.

I – O QUE SÃO AS LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS
Lamentações é o nome dado ao segundo livro escrito por Jeremias. O nome deriva-se da tradução latina do termo grego “threnoi”, que significa “alto choro”.

1.1 Autoria e data. Embora o livro seja anônimo, sua autoria é atribuída a Jeremias, tanto pelas tradições judaicas quanto cristãs.
Ninguém melhor do que Jeremias para escrever essas lamentações, pois não havia testemunha ocular que se preocupasse com o povo, mais do que ele, conforme ele mesmo expressa (Lm 3.48-50). É provável que o livro tenha sido escrito imediatamente após a destruição de Jerusalém, por volta de 586-585 a.C.

1.2 Propósitos. O propósito desse livro era descrever o grande pesar pela perda do templo e da cidade sagrada; registrar como o Senhor cumpriu, completa e literalmente, o julgamento da cidade, devido ao povo ter persistido na idolatria e rebelião (Lm 2.17; 3.37,38); e relembrar ao povo a misericórdia e a fidelidade de Deus (Lm 3.22,23).

1.3 Características Especiais. Duas características especiais descrevemos neste livro: (1ª) Enquanto (II Rs 25 e Jr 52) descrevem o evento histórico da destruição de Jerusalém, este livro retrata vividamente as emoções e sentimentos daqueles que realmente experimentaram a catástrofe. (2ª) No centro do livro existe uma das mais belas declarações quanto a fidelidade e a salvação de Deus (Lm 3.21-26). Embora o livro comece com um lamento (Lm 1.1,2), termina com uma declaração de arrependimento e esperança de restauração (Lm 5.16-22).

1.4 Visão Panorâmica do Livro. Jeremias escreveu cinco lamentações. A primeira (cap. 1) descreve a devastação de Jerusalém e o lamento do profeta sobre ela, ao clamar a Deus com a alma angustiada. Às vezes, sua lamentação é personificada como se fosse a da própria Jerusalém (Lm 1.12-22). Na segunda lamentação (cap. 2), o profeta descreve a causa dessa devastação como resultado da ira de Deus contra o povo rebelde que se recusou a arrepender-se, ou seja, a Babilônia, nação inimiga de Judá, foi instrumento da ira de divina. O poema seguinte (cap. 3) exorta a nação a lembrar-se que Deus é realmente misericordioso e fiel, e que Ele é bom para aqueles que nEle esperam. O quarto poema (cap. 4) reitera o tema dos três anteriores. E, no quinto e último poema (cap. 5),após a confissão do pecado e da necessidade de misericórdia de Judá, Jeremias pede que Deus restaure seu povo.

II – O HOMEM QUE VIU TODAS AS DORES DE JERUSALÉM
Durante quarenta anos Jeremias foi o porta-voz de Deus para Judá, exortando-os ao arrependimento e advertindo o seu povo sobre os perigos do desvio espiritual (Jr 1.16; 2.19). Mas, lamentavelmente, ele foi desacreditado, rejeitado e considerado um traidor, por aconselhar a submissão da nação à Babilônia. Jeremias não viu apenas a pecaminosidade de Judá; ele presenciou o cerco, a invasão estrangeira, o incêndio do templo e da cidade de Jerusalém e viu seus compatriotas serem levados para Babilônia, além da
morte de muitos outros. O povo foi levado ao cativeiro em três levas sucessivas. Vejamos:

2.1 Em 606 a.C. Nabucodonosor subjugou Jeoaquim, rei de Judá, que ficou sendo seu servo. Saqueou o templo e levou cativos os membros da família real, inclusive Daniel (Dn 1.1-3,6). A contagem dos setenta anos de exílio começou nessa data (Jr 25.11,12;29.10).
2.2 Em 597 a.C. Nabucodonosor voltou e levou o rei Joaquim (filho de Jeoaquim) e dez mil judeus para Babilônia, e colocou Zedequias, irmão de Joaquim, como rei em lugar deste (2 Rs 24.10-17; II Cr 36.9,10). Nesta leva foi também o profeta Ezequiel.
2.3 Em 587 a. C. O exército de Nabucodonosor sitiou a cidade de Jerusalém. Um mês depois a cidade foi incendiada e o templo destruído totalmente (Jr 52.6,12). Os que não foram mortos à espada, foram levados cativos. Um remanescente constituído de gente pobre foi deixado na terra, e Gedalias foi nomeado governador sobre eles. Temendo novo ataque dos babilônios, este mesmo remanescente fugiu para o Egito (2 Rs 25.1-22; Jr cap. 39,52). Foi nesse período que Jeremias escreveu suas lamentações, e disse: “Eu sou aquele homem que viu a aflição pela vara do seu furor” (Lm 3.1).

III – LIÇÕES QUE APRENDEMOS COM AS LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS
Muitas lições podemos aprender nas palavras desse livro. Vejamos algumas:

3.1 Deus não é o culpado pelo sofrimento do povo. Em suas lamentações, o profeta Jeremias atribuiu ao povo a culpa pela destruição que lhes sobreveio (Lm 1.8,9,14,18,20,22). Como o povo não se arrependeu de seus pecados e de suas iniquidades, veio sobre eles o juízo divino.

3.2 A situação trágica de Judá foi consequência dos seus próprios pecados. Dentre os muitos pecados de Judá, destacamos dois: a extrema corrupção, principalmente por parte dos líderes (Jr 26.7-11,16; Lm 4.13) e a confiança do povo em promessas e acordos humanos e políticos, ao invés de confiarem em Deus (Jr 42.14; Lm 4.17).

3.3 Deus entregou o seu povo nas mãos dos inimigos. Em suas lamentações, Jeremias diz que o Senhor entregou a nação na mão dos inimigos (Lm 1.14; 2.7). Diversas vezes, Deus levantou nações estrangeiras para castigar o seu povo (Jz 2.14; 3.8; 4.2; 6.1). Isto não significa dizer que Deus tenha abandonado por completo o seu povo, e sim, que essas nações foram meios pelos quais Deus se utilizou para castiga-los e corrigi-los. A Babilônia, por exemplo, foi o instrumento divino para curar o seu povo da idolatria.

3.4 Jeremias conclama o povo à oração. Mesmo em meio ao mais terrível sofrimento, o povo deveria derramar o coração e orar ao Senhor (Lm 2.19). Mais do que nunca, a nação carecia do favor divino e, por isso, deveria recorrer a Deus em oração. Isto nos ensina que o crente deve buscar a Deus, em oração, em todos os momentos de sua vida (I Ts 5.17), inclusive em meio ao juízo divino.

3.5 O povo deveria queixar-se dos seus próprios pecados. A nação deveria reconhecer que Deus não era culpado por todo aquele sofrimento (Lm 3.39). Muitos costumam culpar ao Senhor pelos males que lhes sobrevém. Mas, de acordo com Jeremias, cada um deve queixar-se dos seus próprios pecados.

3.6 Jeremias conclama o povo a voltar-se para o Senhor. Jeremias também convida o povo a fazer uma auto análise e a voltar-se a Deus (Lm 3.39,40). Depois de reconhecer a sua pecaminosidade, o povo deveria firmar no coração o propósito de buscar ao Senhor.

IV - A ESPERANÇA EM MEIO AO LAMENTO
Apesar de receber o título de “Lamentações de Jeremias”, o livro não contém apenas choro e lamento. Jeremias também escreve, em forma de poema, uma mensagem de fé e de esperança para o povo de Deus (Lm 3.22-39). Judá deveria reconhecer que:

4.1 Eles não seriam consumidos por completo, por causa das misericórdias do Senhor. Apesar de todo aquele castigo e sofrimento, Deus não rejeitou o seu povo por completo; mas, eles não foram destruídos devido as suas misericórdias. A misericórdia é o ato de tratar o ofensor com menor rigor que ele merece. Foi isso que ocorreu com a nação e, por isso, Jeremias diz: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos...” (Lm 3.22 a).

4.2 As misericórdias do Senhor não tem fim. A palavra misericórdia vem do latim e significa “compaixão pela miséria do próximo”. Literalmente, a palavra misericórdia significa “voltar o coração à miséria alheia”. A misericórdia é uma atitude de compaixão e de beneficência ativa e graciosa, expressa mediante o perdão calorosamente conferido a um malfeitor. Através deste sentimento, o Senhor mostra que, no juízo, sua misericórdia sempre triunfa, porque ela é infinita “... porque as suas misericórdias não têm fim” (Lm 3.22 b).

4.3 Mesmo sob o juízo divino, o povo de Deus deveria ter esperança e aguardar a salvação do Senhor. Diversas vezes, durante o seu ministério, o profeta Jeremias havia transmitido ao povo uma mensagem de esperança (Jr 30.3,18; 31.17,38; 33.7,26). Porém, durante aquela miséria e calamidade provocada por causa da invasão estrangeira, o povo necessitava, mais do que nunca, de esperança e de livramento divino. Por isso, Jeremias lembra a nação que, por causa da compaixão e misericórdia do Senhor, à salvação está a disposição daqueles que se arrependem dos seus pecados e se voltam a Ele. Ele diz: “Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor” (Lm 3.26).

4.4 O Senhor não rejeitaria o seu povo para sempre. É comum, quando os servos de Deus estão sendo provados ou castigados, terem o sentimento de abandono. Por isso, em meio aquele sofrimento, o povo de Deus se sentiu abandonado por Ele. Não que Deus os tenha abandonado, pois, o propósito de Deus era subjugar a nação, leva-la cativa à Babilônia para cura-la da idolatria, mas, ao final de setenta anos, trazê-la de volta à sua pátria, conforme Jeremias havia predito (Jr 25.11,12; 29.10). O povo, então, precisava entender que Deus não os havia abandonado. Por isso, Jeremias diz: “Porque o Senhor não rejeitará para sempre” (Lm 3.31).

CONCLUSÃO
Apesar da ênfase nas lamentações, neste livro, Jeremias não se limita a chorar o desastre de Judá e de Jerusalém. Encontramos nesse livro expressões de louvor (Lm 5.19), ações de graças (Lm 3.55-57) e exortações para que o povo reconheça o seu pecado e volte-se ao Senhor (Lm 3.39,40). Jeremias também leva o povo a reconhecer que, o que lhes sobreveio, é fruto de seu pecado (Lm 1.18,20; 3.42) e transmite também, uma mensagem de fé e de esperança para a nação de Judá (Lm 3.21-24,26).
 
REFERÊNCIAS:
· Bíblia de Estudo Pentecostal. Donald C. Stamps. C.P.A.D.
· A Bíblia através dos séculos. Antônio Gilberto. C.P.A.D.
· Conheça Melhor o Antigo Testamento. Stanley Ellisen. VIDA.
· Jeremias e Lamentações, Introdução e Comentário. R. K. Harrison. VIDA NOVA.

Fonte: Rede Brasil de Comunicação

Nenhum comentário:

Postar um comentário