segunda-feira, 10 de outubro de 2011

LIÇÃO 03 - E B D - 4º TRIMESTRE

LIÇÃO 03 – APRENDENDO COM AS PORTAS DE JERUSALÉM


INTRODUÇÃO
Quando Neemias perguntou a Hanani pelos judeus que restaram do cativeiro, e por Jerusalém, ele lhe
respondeu dizendo: “... os restantes, que não foram levados para o cativeiro, lá na província estão em
grande miséria e desprezo, e o muro de jerusalém, fendido, e as suas portas, queimadas a fogo” [(Ne 1.3)
grifo nosso]. Assim, o grande desafio de Neemias não era apenas edificar os muros de Jerusalém, mas também,
suas portas. Por isso, ele disse ao rei Artaxerxes: “Como não estaria triste o meu rosto, estando a cidade, o
lugar dos sepulcros de meus pais, assolada, e tendo sido consumidas as suas portas a fogo?” [(Ne 2.3)
grifo nosso]. Nesta lição aprenderemos, não apenas sobre as portas de Jerusalém, mas também, o que elas representam para nossa vida espiritual.

I – AS PORTAS NOS TEMPOS BÍBLICOS
A arqueologia nos mostra que as portas dos tempos bíblicos variavam de acordo com a época, o tipo de
construção e as posses do construtor. Geralmente, elas eram feitas de bronze (Sl 107.15,16), de ferro (At
12.10), e de madeira (Ne 3.6).
1.1. As Portas de Jerusalém. O capítulo três do livro de Neemias descreve a edificação dos muros e das portas de Jerusalém. Neste capítulo, percebemos claramente o esforço, entusiasmo e ação conjunta, não só de Neemias, mas de todo o povo para trabalhar, inclusive, sacerdotes (Ne 3.1,21,22,28), mulheres (Ne 3.12), mercadores (Ne 3.31), e ourives (Ne 3.31,32). Apesar das muitas oposições e dificuldades, o povo se empenhou a trabalhar na restauração dos muros, mas também das portas, que impedia a entrada de estranhos, mas, possibilitava o acesso àqueles que eram autorizados. E, por medida de segurança, colocaram também ferrolhos e fechaduras nas portas (Ne 3.3,6,13,14,15).
1.2. A Metáfora das Portas. Porta é uma abertura para entrada e saída. No sentido espiritual, a Bíblia descreve diversos tipos de porta, tais como: a porta da fé, que foi aberta também para os gentios (At 14.27); a porta da oportunidade, para a propagação das boas novas de salvação (I Co 16.9;II Co 2.12); a porta da Palavra, aberta para os pregadores do Evangelho (Cl 4.3). Metaforicamente, podemos dizer que cada pessoa tem uma “porta” de acesso, onde Cristo bate à mesma (Ap 3.20) pedindo permissão para controlar a sua vida e conduzi-la à vida eterna (Jo 10.9). Podemos afirmar também que, cada porta de Jerusalém, fala de um aspecto de nossa vida espiritual.

II – AS PORTAS DE JERUSALÉM
Encontramos no livro de Neemias referência a diversas portas, onde cada uma delas nos ensinam sobre
um aspecto de nossa vida espiritual. Vejamos:
2.1. Porta do Gado (Ne 3.1,32; 12.39). Também chamada de Porta das Ovelhas (ARA), a Porta do Gado era o portão usado para fazer as ovelhas entrarem na cidade em direção ao Templo, para o sacrifício. Foi a primeira porta a ser restaurada, e nela trabalharam o sumo sacerdote Eliasibe e outros sacerdotes. Através desta porta, aprendemos sobre a prioridade da restauração do culto ao Senhor. Não é à toa que a restauração das portas de Jerusalém teve início com esta porta.
2.2. Porta do Peixe (Ne 3.3; 12.39). Possivelmente, esta porta recebe este nome porque através dela entravam os comerciantes de peixe na cidade, onde havia um mercado próximo. Restaurar a Porta do Peixe tem o sentido de restabelecer o compromisso com a Evangelização (Mc 16.15; At 1.8), pois, o próprio Senhor Jesus nos chamou para sermos pescadores de homens (Mt 4.18-20). Mas, há um fato interessante a ser observado: Além de restaurar a porta, os filhos de Hassenaá colocaram também fechaduras e ferrolhos. Isto nos ensina que não basta evangelizar, mas também ensinar (Mt 28.19,20) e fechar as portas para heresias e filosofias humanas.
2.3. Porta Velha (Ne 3.6). Não sabemos ao certo o por quê desse nome. Possivelmente por tratar-se de uma porta muito antiga. Mas, o fato de ser antiga não significa que ela não fosse importante. Por isso, ela também deveria ser restaurada! Restaurar a Porta Velha significa valorizar as coisas antigas, como a Bíblia, por exemplo, que, apesar de ser um livro tão antigo, jamais perdeu o seu valor, pois o tempo não exerce nenhuma influência sobre ela. Ela continua sendo o livro mais lido, mais vendido, mais conhecido e mais traduzido em todo o mundo. Como disse o profeta Isaías “Seca-se a erva, e caem as flores, mas a Palavra de nosso Deus subsiste eternamente” (Is 40.8).
2.4. Porta do Vale (Ne 3.13). Esta porta dava acesso a um vale ao lado oeste de Jerusalém. Foi por ela que
Neemias iniciou e concluiu a inspeção dos muros de Jerusalém, antes de iniciar a reconstrução (Ne 2.1315).
Vale é uma depressão de terra entre lugares elevados, como montes ou montanhas, por exemplo. Restaurar a Porta do Vale significa reconhecer a importância dos vales em nossa vida. Isto porque todos nós nos deparamos com muitos “vales” em nossa jornada rumo ao céu. Porém, o mais importante é saber que Deus está conosco, ainda que estejamos no vale da sombra e da morte (Sl 23.4).
2.5. Porta do Monturo (Ne 3.14). Esta porta era aberta frequentemente para que os moradores levassem o lixo da cidade para ser queimado no vale de Hinon. Restaurar a Porta do Monturo significa dizer que não devemos permitir que o “lixo” deste mundo esteja em nós, pois já fomos lavados, santificados e justificados (I Co 6.11). Isto nos faz lembrar a Santificação Progressiva, que ocorre no nosso dia a dia (Pv 4.18; I Pe 1.15,16).
2.6. Porta da Fonte (Ne 3.15). Esta porta recebe este nome porque dava acesso ao tanque de Siloé, onde,
centenas de anos depois, um cego de nascença lavou-se depois de Jesus untar-lhe lodo nos olhos (Jo 9.15).
Diversos usos figurados podem ser feitos sobre as fontes. Por exemplo: Deus é a fonte de todo o bem (Sl 36.9; Jr 17.13); Tg 1.17); a graça de Deus assemelha-se a uma fonte (Is 41.18; Jl 3.18); bem como a Igreja (Ct 4.18; Is 58.11) e a Bíblia, que é a fonte inesgotável da sabedoria, e é a principal fonte para o ensino, pregação e prática da vida cristã.
2.7. Porta das Águas (Ne 3.26). Esta porta ficava ao lado Oriental do Monte Sião, defronte da casa de Gion. Foi diante dessa porta que Esdras leu o livro da Lei diante de todo o povo, desde a alva até ao meio dia (Ne 8.1-8). A água purifica, refresca, sacia a sede, torna frutífero o estéril e é indispensável à vida humana. Ela é um dos símbolos da Palavra de Deus (Jo 15.3; Ef 5.26) e do Espírito Santo (Jo 3:5; 4:14; 7:38, 39).
2.8. Porta dos Cavalos (Ne 3.28). Esta porta recebe este nome porque ficava próxima ao palácio, e por ela
entravam os cavalos do rei. Foi próximo a esta porta que morreu Jezabel (II Rs 11.16; II Cr 23.15). Na Bíblia Sagrada, o cavalo é símbolo da força; e todos nós necessitamos, muitas vezes, de que as nossas forças sejam renovadas. Restaurar a porta dos cavalos pode significar, então, restaurar a porta de acesso às nossas forças espirituais, que são renovadas pelo Senhor, a nossa força (Is 40.29-31; Sl 22.19; 27.1).
2.9. Porta Oriental (Ne 3.29). O nome desta porta indica que ela ficava ao lado oriental da cidade. Depois que os judeus retornaram do cativeiro, ela passou a ser chamada de Porta do Rei (I Cr 9.17). Oriente é o lugar onde nasce o sol, e simboliza a esperança, o raiar de um novo tempo (Sl 84.11). Restaurar esta porta significa resgatar a esperança a despeito de toda e qualquer adversidade (Jó 14.7; Sl 62.5; Rm 12.12).
2.10. Porta da Guarda (Ne 3.31). Também chamada de Porta de Micfade, esta porta ficava no nordeste de
Jerusalém. Possivelmente, tratava-se de uma torre de vigia onde ficavam os guardas de Israel. Essa porta não poderia deixar de ser restaurada, pois, os inimigos de Neemias, além de tentar impedir a obra (Ne 4.8)
desejavam fazer-lhe mal (Ne 6.2). Por isso Neemias pôs guardas, mesmo durante a construção (Ne 2.21-23). Isto nos ensina sobre a necessidade de uma vida de permanente vigilância na vida espiritual (Mt 26.41; 1 Pe 5.8-9).

CONCLUSÃO
Neemias foi até Jerusalém, não apenas para edificar os muros de Jerusalém, mas também as suas
portas, pois elas seriam o meio de acesso de entrada e saída da cidade. Por isso, seria inútil reconstruir apenas os muros da cidade. Podemos observar nas páginas da Bíblia que cada uma delas recebe um nome, o que nos permite fazer uma aplicação à nossa vida espiritual. Que possamos, então, tal qual Neemias, restaurar as “portas” do culto ao Senhor, da evangelização, da Palavra de Deus, da santificação, da força espiritual e da vigilância.

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada. CPAD.
BARBER, Cyril. Neemias e a Dinâmica da Liderança Eficaz. Vida.
BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. O AT Interpretado Versículo por Versículo. Hagnos.
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Hagnos.
KIDNER, Derek. Esdras e Neemias. Vida Nova.
PACKER, J. I. Neemias Paixão Pela Fidelidade. CPAD.

Fonte: Rede Brasil de Comunicação

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

LIÇÃO 02 - EBD 4º Trimestre

LIÇÃO 02 – LIDERANÇA EM TEMPOS DE CRISE
INTRODUÇÃO


Nesta lição aprenderemos um pouco sobre a liderança de Neemias em meio a adversidade e o desafio de
reconstruir Jerusalém. Refletiremos sobre o conceito de liderança, o que é liderança cristã, quais as atitudes quemarcaram a liderança de Neemias e que lições podemos extrair dessas atitudes. Embora tenha vivido na época do AT,
Neemias nos ensina princípios que são aplicáveis à Igreja hodierna.

I – O QUE É LIDERANÇA?
Segundo o dicionário Aurélio, liderança é a função do líder; Capacidade de liderar; espírito de chefia; forma ou denominação baseada no prestígio pessoal e aceita pelos dirigidos. No sentido etimológico, liderança está mais ligada a administração de pessoas ou recursos baseados em uma capacidade técnica ou inata, adquirida ou aprendida para o desenvolvimento e alcance de objetivos por determinado grupo ou empresa.

II – O QUE É LIDERANÇA CRISTÃ?
Segundo o Pr. Antônio Gilberto é a liderança exercida pelo cristão (a pessoa que Deus escolhe, dirige, e
capacita, para administrar a sua obra e o seu povo conduzindo-o como pessoas). Liderança nesse sentido é um dom de Deus concedido a quem ele quer, visando um propósito definido (Jr. 3.15; 23.4; 1 Cor. 12; Ef. 4.7-12); Moisés foi preparado “no Egito e no deserto de Midiã” (At 7.22; Ex. 3.1); Josué foi preparado “através do convívio com Moisés” (Ex. 24.12-14; 33.11; Nm 27.18); Davi foi preparado “cuidando de ovelhas” (1 Sm 16.11; 2 Sm 7.8); Eliseu foi preparado “derramando água nas mão de Elias” (2 Rs 3.11); Timóteo teve em “Paulo uma fonte de inspiração” (At 16.1-3; 2 Tm 1.3-6). Assim também Neemias foi preparado por Deus na corte do rei para a reconstrução de Jerusalém (Ne 1).

III – QUAIS ATITUDES MARCARAM A LIDERANÇA DE NEEMIAS?
De acordo com Lopes (2008, p.41-54), algumas atitudes de Neemias foram decisivas no enfrentamento das
crises. São elas:
3.1. Uma preparação necessária (Ne 2.1) – Nessa atitude aprendemos quatro lições com Neemias:
3.1.1. Neemias sente-se chamado por Deus para realizar o sonho da reconstrução de Jerusalém – o conhecimento da situação do povo o responsabilizou. Ele teve coragem para fazer perguntas e daí surgiu sua vocação (Ne 1.2,3);
3.1.2. Neemias chora, ora e jejua durante quatro meses antes de começar a agir (Ne 1.4) - Antes de sermos usados por Deus, precisamos ser quebrantados (Sl 51.17)
3.1.3. Neemias compreende que a reconstrução passa pela decisão política do rei (Ne. 2.4-8). Mudar a política do rei se constituía uma missão impossível, porém Deus realizou.
3.1.4. Neemias aguarda o tempo certo de agir (Ne 2.11-16) – ele orou durante quatro meses. Intensificou sua oração no dia em que foi falar com o rei (1.11). Ele esperou um dia de festa, em que a rainha estava presente (2.6).
3.2. Uma atitude certa diante dos homens (2.1-9)
3.2.1. Neemias demonstra uma tristeza incomum diante do rei (Ne 2.1) – Neemias era um homem alegre. Mas o problema do povo de Deus era seu problema.
3.2.2. Neemias demonstra sua fidelidade ao rei (Ne 2.3) – Fidelidade é a marca dos homens usados por Deus.
3.2.3. Neemias demonstra tato na abordagem (Ne 2.3) – O rei poderia suspeitar de Neemias de alguma trama ou bani-lo ou mesmo matá-lo, porém Neemias demostra habilidade na condução do problema.
3.2.4. Neemias demonstra clareza em seus propósitos (Ne 2.5) – Os alvos de Neemias eram bem claros. Ele precisava:
1. Que o rei mudasse sua política acerca de Jerusalém;
2. Que fosse enviado pelo rei com a missão de reconstruir Jerusalém;
3. De cartas de recomendação do rei; 4. De provisão para obra; e
5. De proteção para a viagem.

3.3. Uma atitude certa diante de Deus (Ne. 2.4,8b)- Neemias buscou a direção de Deus antes de agir (1.11;2.4) e tributou a Deus o sucesso da causa (2.9).
3.4. Uma atitude certa diante dos inimigos – Os inimigos não tardaram em aparecer. Enquanto Jerusalém estava em ruínas os inimigos estavam quietos. Ao tomarem conhecimento de que Neemias estava reedificando os muros, os inimigos se manifestaram.
3.4.1. Os inimigos (Ne 2.19)
3.4.1.1. Sambalate, o horonita. “Era nome babilônico. Ao que tudo indica, teria habitado na região de Bete-Horon, ao sul de Efraim (Js 10.10; 2 Cr 8,5), sua cidade natal. A única coisa que sabemos com certeza é de que ele tinha algum tipo de poder civil ou militar em Samaria, no serviço ao rei Artaxerxes(Ne 4.2)1.1 R.N.Champlin. O Antigo Testamento Interpretado Vers. por Vers., Dicionário, p. 5229
3.4.1.2. Tobias, o servo amonita. “Provavelmente um oficial do governo persa”[...] “era altamente favorecido pelo sacerdote Eliasibe, que lhe concedeu uma sala para ocupar nas dependências do Templo em Jerusalém”2.
3.4.1.3. Gesém, o arábio. “Seu nome figura exclusivamente no livro de Neemias (2.19; 6.1,2,6). Era árabe, inimigo dos judeus que voltaram do cativeiro babilônico para a Terra Santa. Opunha-se aos desígnios do governo judaico, tomando o como sedicioso e sujeitando-o ao ridículo. Por essa razão, foi que Gesém participou ativamente do conluio de Tobias contra a segurança de Neemias3.
3.4.2. Atitude de Neemias frente aos inimigos – A atitude de Neemias frente aos inimigos nos dá princípios espirituais que podem ser utilizados também nos desafios enfrentados pela Igreja:
3.4.2.1. Neemias examinou a situação (Ne 2.11-16);
3.4.2.2. Demonstrou confiança em Deus (Ne 2.20;4.20);
3.4.2.3. Buscou a Justiça de Deus (Ne 4.4-5);
3.4.2.4. Preparou-se para a batalha (Ne 4.9,13);
3.4.2.5. Animou o povo (Ne 4.14);
3.4.2.6. Manteve-se vigilante (Ne 4.16-18,21-23).

IV – QUAIS AS LIÇÕES QUE EXTRAÍMOS DA LIDERANÇA DE NEEMIAS?

Entre as diversas lições, conforme destaca Andrade (2010, pp.39-49) podemos apresentar duas: A importância do Planejar e Liderar com eficiência.

4.1. A importância de Planejar – A vida de Neemias nos mostra a relevância do planejamento das atitudes a serem tomadas na liderança, isto porque:
4.1.1. Planejar envolve enfrentar o Impossível- Neemias tinha um grande desafio pela frente. O líder deve sempre enfrentar obstáculos.
4.1.2. Planejar envolve prever as necessidades (Ne. 2.7-10); Neemias precisava de cartas para os governadores (v.7), permissão para transitar; carta para Asafe, guarda das matas (v. 8), material para o trabalho e Oficiais do exército (v.9), segurança e credenciamento. O líder sempre se antecipa aos problemas e elenca as necessidades.
4.1.3. Planejar envolve fazer um levantamento cauteloso da situação (v. 11-16) – Neemias não se precipitou para a ação nem para a conversa (v. 11-12); buscou mais informações sobre a situação local (v. 13-15); aguardou o momento certo para agir(v.15); não expôs idéias semiformadas (v. 16) e impediu que os inimigos soubessem dos planos e preservou o despertamento dos líderes locais. O líder sempre enxerga algo que os outros não conseguem, por isso a cautela sempre será uma virtude em sua vida.
4.1.4. Planejar envolve motivar o povo (v. 17-18) “Então lhes declarei como a mão do meu Deus me fora favorável, como também as palavras do rei, que ele me tinha dito; então disseram: Levantemo-nos, e edifiquemos. E esforçaram as suas mãos para o bem”.

4.2. Liderar com eficiência – A Liderança eficaz de Neemias nos ensina que:
4.2.1. Liderar envolve cooperação – O corpo de Cristo expressa unidade. Em 1 Cor 12.12-27 e Ef. 4.11-16, a unidade gera cooperação, e essa, edificação.
4.2.2. Liderar envolve vocação - Deus não chama a todos à liderança, mas todos são importantes no corpo (1 Cor 12.22);
4.2.3. Liderar envolve delegação – A distribuição e diversidade de serviços no Corpo de Cristo refletem a finalidade para qual cada membro do corpo foi designado, mostrando a distribuição equitativa que visa o aperfeiçoamento (treinar, capacitar) os santos (crentes) para o serviço (Ef. 4.11-12).

CONCLUSÃO
Somente com uma vida pautada na dependência de Deus e compromissados com sua Palavra é que
conseguiremos vencer os grandes desafios que nos deparamos diariamente. Neemias é o exemplo de um líder abnegado, compromissado, intercessor e acima de tudo obediente ao chamado e aos propósitos de Deus.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Geraldo Henrique de. Esdras e Neemias, uma perspectiva de liderança. Editora Cristã Evangélica
BARBER, Cyril J. Neemias e a dinâmica da liderança eficaz, Vida.
GILBERTO, Antônio. Apostila de Seminário de Liderança Cristã.
LOPES, Hernandes Dias. Neemias, um líder que restaurou uma nação, Hagnos
NORMAN. Russel Champlin. Antigo Testamento interpretado versículo por versículo, Candeia.
RENOVATO, Elinaldo,Livro de Neemias, Integridade e Coragem em Tempos de Crise, CPAD.

Fonte: RBC - Lições Biblicas

EBD - 4º TRIMESTRE

QUANDO A CRISE MOSTRA A SUA FACE - Lição 1

A existência humana é marcada por altos e baixos, isto é, por sucessos e fracassos. Na experiência da fé o sucesso individual ou coletivo está diretamente relacionado a capacidade humana em entender e submeter-se a vontade de Deus. No Salmo primeiro temos uma perfeita noção dessa realidade. Em maior parte os momentos de crise vivenciados pelo povo de Deus, conforme registrado no Antigo Testamento através relato na história do povo Hebreu, ocorreram como resultado da desobediência e pecados cometidos pelo povo de Deus num contexto geral. Todavia, nem sempre as crises que homens e mulheres crentes enfrentam são geradas pelos seus próprios erros. Nesse contexto as crises se constituem em grandes oportunidades para testarmos a nossa própria determinação, a nossa capacidade de perseverarmos sem jamais aceitarmos a decretação miséria. Como nos diz salmista no Sl 20.8 “uns se encurvam e caem, mas nós levantamos e estamos de pé”. Os que se encurvam são aqueles que desistem quando a crise apresenta a sua verdadeira face, perdem a esperança, entregam as armas e assumem a fatalidade da derrota. A fé em Deus proporciona uma esperança ilimitada, e uma capacidade para se enxergar possibilidades além de qualquer previsão humana. Aquele que tem fé ainda que venha cair, mesmo assim encontrará forças para levantar e continuar de pé para enfrentar a crise com postura, integridade, fibra de caráter e esperança na certeza de que dias melhores hão de chegar. A nossa primeira lição do último trimestre/2011 traz uma abordagem sobre um desses momentos críticos vivido pela nação judaica alguns anos após o exílio babilônico. Tudo começa quando um hebreu chamado Neemias, provavelmente um descendente de uma família da nobreza judaica e também da linhagem davídica, que estava a serviço do Rei da Pérsia, Artaxerxes I, recebeu uma comitiva de Judeus oriundos de Jerusalém que lhe trouxeram notícias sobre a caótica e decadente situação em que se encontrava a cidade de Jerusalém.


CONTEXTO SOCIAL E POLÍTICO RELACIONADO COM O “PROJETO NEEMIAS”

Os dois primeiros capítulos do livro de Neemias introduzem o “projeto de Neemias” ; reedificar a cidade de Jerusalém (Ne 2.5). O texto de Ne 1-2 forma um pequeno bloco literário e de conteúdo coeso dentro do livro de Neemias. A maioria dos estudiosos entende que o texto é composto por duas partes perfeitamente relacionadas, cujo o tema principal é o estado e destruição de Jerusalém. Falar de programa de reconstrução de Jerusalém e reorganização de Judá não significa dizer que houve um programa com metas estabelecidas que se queria atingir; significa muito mais descrever o processo dentro do qual Judá foi sendo reorganizado. Ao que parece, esse processo foi deveras complicado. Não se pode esquecer também que o período entre a destruição de Jerusalém e a reconstrução de seu muro foi de quase um século e meio. É importante ficarmos cientes que no período exílico, Judá não era um “deserto populacional” como alguns pensam. Segundo algumas pesquisas, a população de Judá nesse período girava em torno de 180.000 habitantes. Conforme o Livro de Esdras, já no primeiro ano após a conquista da Babilônia (538 a. C.), Ciro autorizou o retorno dos exilados e a reconstrução do templo de Jerusalém. O ponto inicial para o processo da volta dos exilados foi a promulgação do Edito de Ciro, cuja a variante do texto aramaico se encontra em Ed 6.3-5. São mencionados vários grupos que retornaram do exílio. Ainda de acordo com estudioso Kreissig, na metade do V a. C. a população de Judá já contavam com aproximadamente 210.000 pessoas, correspondendo a uma densidade demográfica em torno de 130 habitantes por Km quadrado. A descrição do estado de Jerusalém por ocasião da chegada de Neemias parece evidenciar que a cidade e o templo foram restaurados em períodos diferentes, de modo que faz sentido encontrar diferentes tradições acerca de pessoas que reedificaram o templo (Ed 1 e 3). Os livros dos profetas Ageu, Zacarias e Malaquias parecem revelar que o interesse de reconstrução em Jerusalém, nas primeiras décadas, foi muito mais no âmbito particular. Isso a tal ponto que Ageu critica severamente tal comportamento: “Acaso é tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas?” (Ag 1.4). Quando Neemias chegou a Jerusalém em 445 a. C., ainda encontrou a cidade de Jerusalém em situação desoladora. Os muros estavam destruídos a cidade em situação desoladora. Os muros estavam destruídos e o portões queimados (Ne 1.1-13). Todavia, mesmo após a reconstrução dos muros, a cidade ainda estava quase desabitada (Ne 7.4). Tudo parece indicar que ela voltou a ter uma vida ordinária, mas que de certa forma Jerusalém ainda não havia se tornado um pólo próspero e atrativo até a metade do V século a.C.


Um pouco antes da atuação de Neemias, a dinastia aquemenida tinha estado envolvida com assassinatos na disputa pelo trono. Xerxes (486-465 a.C.) fora asssssinado em 465 a.C., quando assumiu seu filho, Artaxerxes I (465-424 a.C.). Para galgar o trono, ele teve que mandar eliminar os seus irmãos. Quando Neemias chegou a Jerusalém em 445 a. C., pobreza e penúria reinavam na cidade. A partir do livro do profeta Malaquias são conhecidos alguns males morais e cultuais da vida comunitária. Algumas pesquisas têm chegado a conclusão de que a indicação de Neemias para a reconstrução do muro foi favorecida por uma forte motivação política, tendo em vista a ocorrência de revoltas em algumas Satrapias, o império buscava uma situação mais estável ou mais eficácia da administração persa em Judá. Talvez o rei achasse sensato reconstruir Jerusalém, a fim de ter um pequeno forte ao sul de Judá. Além do mais, era muito importante que na Judéia houvesse um súdito leal a ao rei, considerando-se as recentes rebeliões havidas. A grande maioria dos estudiosos vincula a destruição mencionada em Ne 1.2-3, de uma outra maneira, com o relato de Ed. 4.23. Os acontecimentos narrados em Ed 4.7-23 devem ser datados nos primeiros anos do reinado de Artaxerxes I. Neste período os habitantes de Samaria e os funcionários persas de Samaria procuravam dificultar a reconstrução de Jerusalém, especialmente do muro. A partir de Ed. 4.23 e de Ne 1.1, Schneider entende que inclusive uma parte da cidade, que havia sido restaurada, foi novamente destruída com violência e fogo. Para ele, a situação relatada pelas pessoas que vieram de Judá é conseqüência do mais recente decreto de Artaxerxes I (Ed 4.17-23), que determinou a interrupção da obra de restauração de Jerusalém. Outros estudiosos também concordam que a destruição relatada para Neemias deve ter tido lugar algum tempo após a missão de Esdras.

A ORAÇÃO É O PRIMEIRO RECURSO DE NEEMIAS

Neemias estava vivendo em uma situação muito confortável e de muito status político e social. Na nossa compreensão, conforme os nossos padrões profissionais, a profissão de copeiro, ainda que fosse do presidente da república, nunca seria encarada como um alto posto nos dias atuais, porém, naquele contexto a situação era bem diferente. O copeiro o rei era uma pessoa de sua extrema confiança, pois, ele era o responsável para impedir que o rei viesse a ser envenenado, participava de grande parte da privacidade do rei e muitas vezes se tornava confidente dele, o que nos parece ter sido o caso de Neemias. O fato de Artaxerxes questionar Neemias sobre a angustia que ele expressava por meio do semblante, demonstra que o rei tinha uma certa afinidade por ele, pois, geralmente os reis persas se mostravam indiferentes aos problemas sentimentais dos seus súditos e não costumavam misturar problemas pessoais com profissionais. A função de copeiro rei era tão importante, que alguns deles, muitas vezes exerciam paralelamente a essa função, altos cargos na administração pública, a semelhança de um ministro de estado. A abertura da oração de Neemias tem um paralelo com Dn 9.4. A linguagem deuteronomista perpassa toda a oração. Ela indica que Neemias era bem versado nessa linguagem e um estudioso das Escrituras, do contrário não poderia usar o AT tão livremente, como se pode perceber também em outras partes do livro (Ne 13.10,12,15). Neemias introduz a oração, não para comprovar sua piedade, mas para levar à presença de Deus toda problemática da qual tomou conhecimento. Neemias expressa sua fé quando recorre à oração. Ele reconhece que Deus é “grande e temível”, único e universal, é o Deus dos céus”. Todavia, o Deus que terá misericórdia dos que estiverem prontos ao arrependimento. Neemias se atém, assim, á promessa de que Deus é fiel àqueles que permanecem fiéis ao Senhor e mantém a sua aliança. É na lembrança dessa promessa que Neemias baseia sua esperança: Deus ouvirá sua oração. Miséria e exílio são conseqüência da ira divina. Neemias invoca Deus, pedindo sua atenção (v.6) e apresentando-lhe a confissão de pecados, dos seus próprios e dos seus irmãos (VV. 6-7). No reconhecimento de que a pessoa só pode estar diante de Deus depois de confessar sua culpa, o primeiro conteúdo concreto da oração é a confissão de culpa. A auto-inclusão de Neemias nessa confissão demonstra sua honestidade. Após a confissão de pecados, segue-se o pedido de fato: Deus havia anunciado o exílio como castigo para a quebra da fidelidade, mas também havia prometido salvação aos arrependidos (Dt 30.1-5). Neemias está apelando para a promessa de Javé. O apelo de Neemias é um apelo à misericórdia de Deus. A situação de Judá mostra que Deus cumpriu sua palavra, quando disse que puniria o povo se este persistisse no pecado. Neemias vê essa condição calamitosa de Judá como indicação do poder de Deus (Jr 18.6). Dessa forma, ele defende que Deus é igualmente capaz para restaurar a sorte de Judá, desde que haja sinais de arrependimento. No final da oração, Neemias volta a invocação inicial de que Javé lhe ouça a oração, mas agora com um aspecto muito concreto: que ele, Neemias, encontre um ouvido aberto da parte do rei. O pedido de que “seja bem-sucedido hoje o teu servo” (v.10) deve se referir aos planos de Neemias de reconstruir Jerusalém; que Neemias tenha sucesso no seu arrependimento de pedir ao rei que lhe dê autorização para reedificar Jerusalém. Neemias sabe muito bem que sua vida estará nas mãos do rei quando fizer o pedido. Fazer tal pedido diante do rei poderia ser altamente perigoso, mesmo para alguém que era protegido por ele, pois Artaxerxes I poderia entender o pedido de Neemias como uma afronta. Sabe-se que os reis do Antigo Oriente eram muito temperamentais, e suas reações muito imprevisíveis. O livro de Ester mostra que,afinal, é sempre um risco de vida chegar diante do rei (Et 4.11-16). Mas Neemias sabe que Deus é soberano, Senhor da história. E assim, nesse contexto da oração, ele pode usar a expressão “este homem” para designar o rei. Esta expressão não é tão anormal se se considerar que ela está sendo usada em oração diante de Deus, perante o qual o rei não passa de uma pessoa qualquer que também pode ser conduzida pela vontade de Deus.Por isso, a última decisão final será dada pelo Senhor da História!

Fonte: Blog Reflexões Teológicas