sexta-feira, 16 de julho de 2010

SUBSÍDIO PARA ESCOLA DOMINICAL - LIÇÃO 03

AS FUNÇÕES SOCIAIS E POLÍTICAS DA PROFECIA


INTRODUÇÃO
Os profetas do Antigo Pacto não foram apenas anunciadores da mensagem divina, mas também, agentes de
transformação social e promoção da justiça e bem-estar nacional. Os profetas combatiam com veemência os agravos que se faziam ao povo quando reis ímpios governavam, a exemplo de Acabe que foi um dos piores monarcas de Israel, e que foi duramente repreendido por Elias, que sob o comando de Jeová lutou contra a impiedade da monarquia e restaurou o altar do Senhor. Outros como Daniel e Isaías, foram estadistas e atuaram diretamente na política, influenciando suas gerações à servirem ao Deus único e verdadeiro. É sobre o papel político e social da profecia enunciada por estes homens que falaremos nesta lição.

I – ATUAÇÃO PROFÉTICA NA ORDEM SOCIAL E POLÍTICA ISRAELITA
Os profetas de Deus foram homens de moral elevada que desafiavam o povo israelita a buscar padrões éticos e morais elevados. Destemidos e corajosos, denunciavam as injustiças sob a inspiração de Jeová. Muitas vezes Deus escolhia profetas para confrontar os reis de Israel com seus próprios pecados: Samuel denunciou a desobediência de Saul (I Sm caps. 13,15), Natã expôs o adultério de Davi (II Sm 12), Elias confrontou Acabe e Jezabel à ponto de ser ameaçado de morte (I Rs 19.3), Micaías advertiu Acabe a não ir à peleja (I Rs 22), Isaías expôs a insensatez do culto aos ídolos (Is 44.9-20), Amós denunciou a corrupção e perversão do direito por parte da elite israelita, e desafiou-os a deixar “o juízo e a justiça correr como as águas; e a justiça como ribeiro perene” (Am 5.24). Como vimos, a Bíblia nos fornece vasto material de crítica social profética, e aqui estão alguns textos que revelam a tônica social da profecia:  “Teus chefes são rebeldes, parceiros de ladrões. Todos gostam de suborno e correm atrás de presentes. Não fazem justiça ao órfão e a causa da viúva não chega até eles” (Is 1,23).
· “Ouvi esta palavra, vacas de Basã, que estais sobre o monte de Samaria, que oprimis os fracos, explorais os pobres e dizeis aos vossos maridos: Trazei-nos o que beber” (Am 4,1).
· “Ai do que constrói sua casa sem justiça e seus aposentos sem direito; que faz trabalhar seu próximo de graça e não lhe paga o salário” (Jr 22,13).

Nestes textos, também percebemos a profunda sensibilidade dos profetas aos problemas sociais existentes na Antiga Aliança, pelo que concluímos que eles não eram meros espectadores, e sim, agentes de Deus para efetuar mudanças significativas em Israel; revelar Deus como o “Senhor da Justiça” (Jr 23.6); e demonstrar que Deus queria que os reis e juízes, ou seja, os líderes da nação, fossem justos e corretos (II Sm 8.15; I Cr 18.14; I Rs 10.9; Dt 1.16; Êx 23.7-8; Sl 82.3-4). No padrão estabelecido por Deus, o dever do rei ou governante é não se deixar corromper, mas, vela constantemente em favor dos oprimidos e necessitados (Pv 31.4-5,8-9); promover o bem comum e paz; e advertir aos juízes que não aceitem suborno (Êx 23.8), nem sejam intimidados pelos poderosos, mas, que julguem retamente (Am 3:10).

II - A PROFECIA E SUA APLICAÇÃO SÓCIO-POLÍTICA
A profecia no contexto veterotestamentário tem sua aplicação sócio-política na medida em que é direcionada à nação, visando a unidade, o restabelecimento da espiritualidade, dos direitos humanos, da justiça social e da paz. Podem-se observar essas temáticas nas profecias de profetas como:
2.1 Jeremias ( 7:5-7;11; 22;29);
2.2 Isaías (1:23; 3:14,15;5:16-23;10:1);
2.3 Amós (3:10; 4:1; 5:10-11; 8);
2.4 Ezequiel (36:16-38; 37; 40-44);
2.5 Miquéias (3:6:8).
A profecia citada pelos profetas sempre apontavam para o projeto original de Deus para a nação de Israel, dado a Moisés, que compunha não só de leis cerimoniais, como de leis civis que procuravam regular o viver em sociedade (Dt 15; 16:18-20). Israel não era apenas um “povo espiritual”, mas uma nação, cujo fator social, político, econômico e espiritual estavam atrelados, pois viviam sob um governo teocrático. Isso pode ser bem exemplificado no retorno do cativeiro e restauração do culto (espiritual) dos muros e da cidade (social) do governo (político) e das atividades rurais (econômica). Na literatura poética também encontramos a mesma preocupação com a justiça de Deus: “Ele ama a justiça e o direito” (Sl 33:5), ou, “exercitar justiça e juízo é mais aceitável ao Senhor do que sacrifício” (Pv 21:3). Justiça (tsedeq) e direito (Mishpá) são condições necessárias para que haja a paz (Shalom) na comunidade (Is 32:17,18).
Na literatura poética também encontramos a mesma preocupação com a justiça de Deus: “Ele ama a justiça e o direito” (Sl 33:5), ou, “exercitar justiça e juízo é mais aceitável ao Senhor do que sacrifício” (Pv 21:3). Justiça (tsedeq) e direito (Mishpá) são condições necessárias para que haja a paz (Shalom) na comunidade (Is 32:17,18).

III – A MISSÃO SOCIAL E PROFÉTICA DA IGREJA
Assim como os profetas, a igreja de Cristo está inserida em um contexto de injustiça social e derrocada dos valores morais e éticos, o que exige de nós, um firme posicionamento frente ao pecado, a execução de nosso dever cristão de socorro e amparo aos necessitados, e, acima de tudo, a proclamação e propagação do Reino de Deus. Uma das bases do Evangelho é a justiça social, conforme esposada pelo Mestre no capítulo 5 de Mateus, nas chamadas “Bem-aventuranças” ou “Beatitudes”. O nosso mundo, à semelhança dos tempos proféticos, também é permeado de graves problemas sociais, e nunca foi tão difícil e tão necessário o exercício do nosso papel como cristãos. Somos os profetas do Novo Pacto, no sentido de anunciadores da Palavra de Deus. Para este mundo desesperado, temos uma mensagem de esperança: o Evangelho (gr. euangelion), que é as boas notícias de Deus para os homens. A mensagem profética do Evangelho é um poderoso elemento de transformação social, pois, onde esta mensagem é pregada com poder e autenticidade, o pecador é transformado, porque mensagem do Evangelho é “O poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16).
IV – COMO A IGREJA DEVE EXERCER SUA MISSÃO PROFÉTICA NOS DIAS ATUAIS?
A exemplo dos profetas do A.T. a Igreja do Senhor Jesus Cristo exerce sua missão profética nesse mundo:
 
PROFETAS NO A.T.
Denunciavam o pecado (1 Sm 15:22,23;Is. 1;3 ;Jr. 7);
Pregavam arrependimento(Jr 7:4-11; 2 Cr 7:14)
 Traziam a mensagem de Deus ao povo ( Ez 31;32;33 Is. 1:1;6:1; Am 5; Miq. 5; Jr 1:17-19).
Proclamava o Juízo vindouro (Jr. 2:18-36; 4:5-31).

IGREJA

Denuncia o pecado (Rm 1:21-32; 1 Tm 3:15).
Prega o arrependimento(At.2:38;3:19;17:30)
Traz as boas novas a toda criatura(Mt 28:18-20;Mc15:16).

Proclama o Juízo vindouro (2 Pe 2:4,9,11;Jd 1,4,6,15)


CONCLUSÃO
Fundamentados nestas verdades, concluímos dizendo que a igreja de Cristo tem uma árdua e bilateral tarefa: anunciar  o evangelho com autenticidade e denunciar o pecado, que é a raiz de toda injustiça e iniquidade. Mesmo sabendo que sofreremos perseguições como os profetas do Antigo Testamento, mas que também alcançaremos êxito em nossa missão; e que, por fim, seremos recebidos em glória por aquele que nos comprou com o seu precioso sangue!

REFERÊNCIAS
· Manual Bíblico (SBB), 2008, 1ª edição, Sociedade Bíblica do Brasil
· Conheça Melhor o Antigo Testamento, Stanley A. Ellisen, 1ª edição, 1991, Ed. Vida
· Profecia e Sociedade no Antigo Isarel, Robert R. Wilson, 2ª edição, 2006, Ed. Targumim/Paulus
· Bíblia de Estudo das Profecias, 1ª edição, 2001, Ed. Atos/SBB
· Manual Bíblico Vida Nova, 1ª edição, 2001, Ed. Vida Nova
· Bíblia – A.T. – Introdução aos Escritos e aos Métodos de Estudo, 3ª edição, 2003, Ed. Teológica/Paulus
· A Ética dos Dez Mandamentos – Hans Ulrich – Ed. Vida Nova.

Elaborador: Rede Brasil de Comunicação

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